domingo, setembro 27, 2015
In memoriam.
Sabe, foi muito difícil me colocar aqui pra escrever tudo que eu sei que eu não falei quando tive chance. Aquele sorriso grande que você sempre me deu, todas as vezes que me encontrava, nunca vou esquecer. Como era carinhoso, como tinha orgulho de mim. A minha foto, que você colocou no alto da sua parede. Não vou me esquecer das coisas lindas que fez pela minha mãe, pela minha família. E não vou deixar de lembrar da pessoa gentil e bondosa que você foi em vida. Porque isso é o que define uma pessoa, quem ela foi quando estava viva. O que ela fez para com o próximo. É só isso que eu vou levar comigo. Isso e o grande arrependimento de não ter percebido que você precisava de um abraço e de carinho, presença, compreensão. Eu sempre tive muito orgulho dessa família, muito orgulho de ter pessoas tão boas me ensinando e me dando exemplo. Nada disso vai mudar. A única mudança é esse buraco enorme no peito e a sensação de que perdi algo muito valioso. Saudade a gente sente mesmo, e eu sempre vou amar você.
sábado, junho 13, 2015
Sobre rosas, formigas e objetivos.
Sei que desde muito pequena aquela roseira me deixava intrigada. É claro que com cinco anos incompletos eu não sabia exatamente o que queria observando a planta, e hoje sei que grande parte do que é visto na infância pode mudar seu mundo para sempre.
"Vovó, a sua planta vai morrer" - Eu sempre dizia quando chegava ao jardim improvisado da minha avó paterna. Dona Preta, era como os outros a chamavam. Não me lembro das respostas dela, ou se haviam respostas, mas acho que ela sempre sorria.
Da minha avó eu quase não tenho lembranças. Não sei como eram suas feições, personalidade e também não lembro do timbre da sua voz. Igualmente, não sei se algum dia gritou comigo, não sei se eu corria pra ela quando estava com medo ou sozinha. Mas eu me lembro da roseira, que na época eu nem sabia que era uma roseira.
Era um caule amarronzado, quase sempre coberto de formigas e com raríssimas folhas, dispersas e quebradiças. Algumas vezes apareciam mais insetos, brancos, que tomavam conta da pobre planta até você não conseguir mais vê-la.
"Vovó, essa planta vai morrer, óh! Nem folha ela tem!" - Insisti. E lembro disso porque sentia pena da planta. Ninguém lhe dava muita atenção, não era um deleite aos olhos e as pessoas se acostumam só com o que é belo agora.
"É uma roseira, Poliana, e ela não vai morrer, ela está brotando" - Minha avó parecia estar muito certa do que dizia e isso me deu um certo alívio. E era uma roseira! Poderia dar flores algum dia e essa ideia me animou. Perguntei a minha avó qual a cor das rosas dela, mas ela nunca havia dado rosas.
Daí em diante, passei a construir barreiras físicas para as formigas não atacarem a roseira. As vezes, deixava comida pra elas em outro lugar. E ainda que não tenha memória de tudo que aconteceu em seguida, me lembro de ter cuidado dela até ela ficar bem verde e cheia de folhas, como deveria ser.
Certo tempo depois, não sei quanto, voltei à casa da minha avó. Encontrei, bem no topo, como quem usava uma coroa, a primeira rosa daquela roseira. Era uma rosa solitária, ainda entreaberta, que me pareceu mais linda do que qualquer outra. E é claro que a partir daí a roseira passou a ser admirada por todos, o que me deixou com ciumes, mas feliz. Ela tinha conseguido, apesar de ser improvável, vencer todas as barreiras - e pragas - que tentavam enfraquecê-la. E, no final, se reergueu mais linda e mais forte do que nunca.
Perceba que a roseira, que naquela época era só uma roseira, hoje é pra mim uma lição. Assim como uma bela memória, aquela rosa mostra que há contratempos, mas é possível continuar lutando. E se a luta estiver drenando toda a tua força, lembre que não está sozinho, e que as vezes alguém aparece para tirar as formigas de perto. Tem sempre alguém torcendo para a sua vitória, mas no final, quem floresce é você!
P.S.: A rosa era vinho, escura, magnífica. Cor de sangue, aquele sangue que você tem que dar pra conseguir se manter de pé. A roseira da minha avó é a metáfora perfeita, e ela é real.
sexta-feira, maio 01, 2015
So long, goodbye.
What a wonderful life for as long as you've been at my side
And I want you to know I'll miss you so
And though all days come to an end
No I'll never love like this again.
What a wonderful life my friend.
And all that I am
You let me be
I'll remember you
For all that you've done
And given to me.
segunda-feira, março 30, 2015
quarta-feira, março 11, 2015
Be strong.
O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós. - Sartre
quarta-feira, fevereiro 18, 2015
Understanding.
Caí em meu patético período de desligamento. Muitas vezes, diante de seres humanos bons e maus igualmente, meus sentidos simplesmente se desligam, se cansam, eu desisto. Sou educado. Balanço a cabeça. Finjo entender, porque não quero magoar ninguém. Este é o único ponto fraco que tem me levado à maioria das encrencas. Tentando ser bom com os outros, muitas vezes tenho a alma reduzida a uma espécie de pasta espiritual. Deixa pra lá. Meu cérebro se tranca. Eu escuto. Eu respondo. E eles são broncos demais para perceber que não estou mais ali. - Charles Bukowski
Tenho me entendido tanto com você, Bukowski. É quase como voltar a respirar depois de um longo tempo submersa e inconsciente.
Balance.
Tudo o que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil. - Charles Bukowski
segunda-feira, fevereiro 16, 2015
Habits.
Falando sério, tenho andado bastante sozinho, sobretudo ultimamente. É um tempo de agitações, de ímpetos de impaciência, ansiedade e mau humor. Contando com a resolução das coisas, que chegue logo um futuro que sei que virá, sabendo que nada mais depende de alguma ação minha. Só da minha habilidade em esperar. E isso me lembra que não há mais com quem contar, além do tempo. Que ando meio sozinho e assim eu quis, de certa forma. - Gabito Nunes.
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