domingo, setembro 19, 2010

ela acreditava.

Abriu os olhos mais uma vez, assustada. Respirava ofegante, o som de suas palavras havia cessado. Os olhos cintilantes, lacrimejantes, desaparecido. Naquele momento era preenchida completamente por fé. Todo o seu ser havia se agarrado a pequenas e desajeitadas orações. Tudo o que desejava era salvá-la. Tentava transmitir aquela fé, aquela força. Por eternos segundos acreditou que sua pobre existência poderia servir a esse propósito, que aquela fé poderia, quem sabe, mantê-la ali, respirando. Talvez a pureza de seu desejo, a inocência em seu pensamento fizessem com que alguém, lá em cima, atendesse a seu pedido. Fechou os olhos mais uma vez, apertou as pálpebras, franziu a testa. Chorou. Chorou porque nada podia fazer. Chorou porque era tudo o que queria fazer naquele momento. Chorou como em poucas vezes na vida, sinceramente. Sangrou, de dentro para fora. Então, sentia aquilo pela primeira vez. Isso é perder alguém, pensou, isso é perder alguém para sempre. Suas lágrimas escorreram desajeitadas pela face fazendo a luz fraca refletir. Ela sentiu um gosto amargo na boca, frio, sufocante. Quis gritar. Sua voz não saía, pôde apenas sofrer intimamente, como nunca antes na vida. Canalizou todas as forças que lhe restavam a essa altura e transformou-as em esperança. Nem tudo está acabado, insistia em sua mente, talvez ela esteja bem, talvez ela volte um dia. Mas quando por segundos sua esperança fraquejava, asfixiava-se lentamente naquela dor. Não conseguia traduzir nem para si própria o quão injusto aquele súbito fim seria. Seria, repetiu milhares de vezes para aumentar a esperança dentro de si. Elevou seus pensamentos, inspirou profundamente e direcionou todos os seus melhores sentimentos para ela. Salve-a, era tudo o que podia pedir sabe-se lá para quem. Pediu a Anjos, Santos, Querubins, a Ele. Ajoelhou-se, mal podia enxergar o que estava a um palmo frente a seus olhos, parou de lutar, deixou seu corpo atingir violentamente o chão. Os olhos sem direção, embargados com lágrimas intermináveis. Rezou. Raios de esperança se espalharam, iluminando um pouco mais a vida. Ela não sabia, é claro, que sua pobre existência servira a um propósito naquela oração. Eles a ouviam. Todos, naquele instante, sentiram um pouco de sua alma tristonha implorando pela vida de outro alguém. Tudo o que ela aspirava era pelo bem irrestrito à outra pessoa. E o que foi desencadeado através de todas essas orações? Ela e todos os outros que choravam pela chama que estava a se apagar despertaram um milagre. A chama, como em um sopro, turvou-se, enfraqueceu e pouco depois... Ressurgiu. Ela vai viver, disseram. Seus olhos inchados, mal podiam ser mantidos abertos, e ela estava completamente aliviada. A dor havia desaparecido. Havia receio, é verdade, mas ela se permitiu acreditar. Agradeceu ao vento, a seus anjos, a seu Deus. Despertou e a primeira coisa que se permitiu fazer foi sorrir um sorriso cansado, desajeitado, mas de valor incomparável. Então, isso é um milagre, um renascer. Suas mãos levantaram-se em direção ao céu e embora ela enxergasse muito pouco, em meio ao escuro estrelado sobre sua cabeça, viu um feixe de luz. Luz branca, forte, instantânea. Não quis explicações, naquele momento contemplava o céu de uma forma nunca antes vista, observava-o como se pudesse vê-los. E podia. E sabia que, na verdade, eles também estavam vendo-a, com brilho nos olhos e uma gratidão imensa no coração. Ele era a luz. Fechou os olhos e agradeceu e, pela primeira vez em sua vida, esteve em paz.


À Lane, que sempre acreditou, toda a minha fé.

terça-feira, junho 29, 2010

Sobre amor.

Queria ser a última coisa em que pensas antes de dormir, queria ser um de seus sonhos. Conhecer as palavras que te acalmam, fazer o mundo parar em um abraço. Exatamente como você faz comigo. Eu queria poder transmitir toda essa paz que você me oferece em um olhar, brilhar mais que a lua refletida sobre o mar. Exatamente como você. Eu queria poder te dizer, ainda que entre pequenos soluços, que as coisas mais lindas que conheço, por mais lindas que sejam, são pouco ou nada lindas perto do som majestoso de seu sorriso. Queria dizer que tenho medo todo o tempo em que estou longe de você, e tenho estado assim há muito tempo... Queria poder dizer que um único pensamento sobre você faz reagir cada átomo de meu corpo, cada pequeno resquício de sanidade que ainda me pertence, cada batida descompassada, desajeitada do meu coração. E mostrar com todo o afeto incondicional que tenho para te dar que ainda te preciso. Sempre precisei. Queria deixar explícito que acabei por me render, afinal, desistir da luta inútil e inconveniente para não me apegar a você. Eu tentei, juro! E foi uma completa perda de tempo. Ainda bem. Agora, não estou apenas apegada à ti... estou apaixonada. E você me faz tão bem!

E o que fazer? Me sinto como se estivesse confessando uma fraqueza enorme. E o pior: Eu sei, é uma fraqueza enorme, sim! Não consegui lutar contra ela. E o que mais assusta é que agora eu simplesmente não quero lutar, mas me atirar de cabeça, me afundar mais e mais. Porque, pode ser estupidez, eu sei, mas sentir o amor renascer das cinzas é um dos maiores milagres que se pode presenciar em vida. Agora é só fechar os olhos... e esperar.

terça-feira, junho 22, 2010

Pra Dizer.

Hoje eu percebo que estou completamente presa a você. Presa por lugares que eu não sabia que existiam, por minúsculos fios d'alma, por sensações e essências que não mais me pertencem. Estou irremediavelmente perdida de mim, entregue a você. Estou respirando alegrias, sorrisos que você desperta sem saber, durante o sono ou ao entardecer. Me liguei a você em uma conexão tão forte que certamente me levará à loucura, completa insanidade, isto se minha sanidade já não estiver afetada. Mas talvez essa seja a resposta. A loucura total onde me abrigo, só pode ser nela que o encontrarei. Assim sendo, aqui permanecerei. Sempre.

sábado, maio 08, 2010

Transmita!

Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes, mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho.
(Cazuza)

O protocolo é óbvio. Dê a si mesmo uma chance. Sempre!

Pelo choro.

E agora me pego pensando se sonhos e amores realmente nos dão motivos pra continuar ou apenas nos enterram naquela conhecida sensação de sofrimento cada vez mais profunda.

Pequenos enganos.

Eu te amei o tempo todo (...)
É como levar a vida toda acreditando em uma ilusão. Esperar por algo que, no fundo, sempre soube que não viria. É ter esperança, Fé verdadeira sim, porque sem isso a vida se torna insuportável. É saber que mesmo o impossível nos faz sonhar. E eu posso ignorar isso, mas não posso fugir. É como se uma vida inteira dependesse disso. É como se a minha vida dependesse da sua, e isso nem você pode mudar!
Então, chame como preferir: medo, coragem, desespero, idiotice ou amor.

Conversa de irmãos.

Da imensidão, parte I. Você é meu melhor amigo, cara. E passei todos os melhores momentos dessa minha curta existência com você. As melhores risadas, melhores comentários, extremo companheirismo e descontração. Os melhores momentos mesmo. Quero dizer que ao pensar em boas memórias seu nome é sempre o primeiro que chega à minha mente e que, saber que você esteve sempre aqui, todo esse tempo, me basta. Depois, parte II. Você me deixou, cara. E eu adoro você. Confesso que não derramei lágrimas, nem por isso sua ausência deixou de ser dolorosa. Verdade é que não nos falamos mais com tanta frequência. Verdade mesmo é que não nos falamos. Ponto. Não sei o porquê, afinal falar com você sempre me fez muito bem. Composição, parte III. Você é o melhor, cara. E isso me dá um puta orgulho. Sempre admirei tudo o que você é, quem você é, e principalmente o fato de eu estar por perto pra ver isso. Agradecimentos, grand finale. Eu só posso agradecer, cara. E tenho que agradecer, de fato. Obrigado por dividir comigo, por esperar por mim. Por ter sido meu espelho, bonito espelho que fez de mim o que sou. E obrigado por me defender, por sorrir depois de algum comentário e obrigado por me reconhecer. Reconhecimento que eu quis a vida toda e que só você poderia dar. Em qualquer ocasião é você, meu irmão mais velho e incrívelmente foda, meu irmão que eu amo demais. Pra toda a vida.

Dedicado a Hugo Magalhães, o melhor irmão que qualquer vida poderia me dar.
I'm here without you, brother. But you're still with me, somehow. (:

Carta para você.

03 de Maio, Bahia, Brasil.

Amado,

Continuo mantendo aquela confortável distância, saudável distância entre meus sentimentos e desejos e essa cruel realidade que nos cerca. Sei que, de fato, estou pisando em nuvens, sonhando acordada, sentindo-me leve. Isso, confesso, deve-se muito mais a você que a mim e, por tanto, escrevo-lhe em agradecimentos e, acredite, admiração.
Mas nunca em confiança, infelizmente. Alimento muito poucas esperanças em relação ao que será de nós daqui para frente se é que algum dia chegamos a ser um nós. E, muito embora penso que podes estar mentindo, agradeço-te, caio de gratidão e adoração à seus pés por, mesmo que sendo uma farsa, fazer-me tão bem.
Sinto-me dividida entre acreditar e correr um sério risco de sofrer novamente ou não acreditar e cair na bobagem de não aproveitar os poucos momentos que ainda virão com você.
Verdade mesmo é que te amei, estranha e profundamente e sofri por um tempo quase que infinito, sentindo todas as consequências de perder você. Mas permito-me, apesar dos maus momentos e através das lágrimas continuo aqui a esperar-te.
Porque todas as milhas que nos separam desaparecem agora, quando estou sonhando com seu rosto.

Incondicionalmente,
Polliana Magalhães.

sexta-feira, abril 16, 2010

Aqui. Sem mais.

E é aqui. Deixo registradas minhas mágoas, decepções, não-realizações e, principalmente e felizmente, sonhos. Entrego aqui, em forma de palavras (muito mal dispostas, devo dizer), tudo o que deveria ter sido e não foi, tudo o que esperei na certeza de que seria em vão. Escrevo aqui o abandono letal que hoje torna minha vida quase insuportável, quase cruel, e extremamente impiedosa. E afirmo: escrevo, nunca que unicamente para expressar essas sensações absurdamente singulares e arrasadoras que levo no peito, mas tentando abandoná-las apenas e apenas aqui, esquecê-las, sobrevivê-las. Esse é todo o sentido que posso atribuir à minha vida, pelo menos até agora. Escrever é a única maneira de mantê-la suportável. Escrever é a única maneira segura de manter-me longe daquilo que mais abomino, mesmo e ainda quando escrevo sobre isso. É como um dom, ou um milagre. Seja o que for, escrever me torna igualmente suportável, ainda que só a mim mesma.

Agora, apenas um pedido que faço do fundo do meu coração, muito mais a mim do que a você: Tenha fé. Fé mesmo, essa que move montanhas. Fé em tudo porque a fé, mesmo sozinha, quando verdadeira torna tudo mais um simples detalhe. E, sim, nisso eu acredito. Até eu acredito.