Quero mandar um abraço para a minha barriga que ao contrário de mim está crescendo na vida. - Jô Soares
É, Jô, falou tudo.
terça-feira, agosto 30, 2011
Distância.
Outra vez. Não fosse trágico estaria sorrindo agora. Não fosse o choro, quem sabe. Essa tua influência sobre meu humor as vezes me diverte. As vezes me mata. Por vezes me faz querer matar. E eu sinto que o conheço. E você brilha, ainda que discretamente. E eu vejo isso. Você é irritante, estúpido e orgulhoso. Extremamente orgulhoso. Acabei por me tornar orgulhosa também, impetuosa. E cheia de raiva de você. Por isso grito. Por isso perco minha já escassa paciência. Tua habilidade em tirar-me do monótono, em ser especialmente perturbador, e, principalmente, essa desconfiança tão persistente... as odeio profundamente. E esse ódio se espalha quanto mais penso em quanto você me tira o sossego. É certo, contudo, que passará. Ainda mais certo é que amanhã pela manhã tudo o que ficará será o ciúme que me causou, momentaneamente. E vergonha. E o quanto lhe pedi para segurar minha mão e fui ignorada. E até, quem sabe, as saudosas lembranças de um tempo em que conseguiamos coexistir pacificamente. Isso parece ter sido há tanto tempo! Antes da páscoa, quem sabe... antes da próximo dia chegar.
O ódio vai se dissipando. Porque você ainda está aqui?
O ódio vai se dissipando. Porque você ainda está aqui?
quarta-feira, agosto 24, 2011
O que restou.
Ela tinha um nojo da dualidade de intenções dos seres humanos que ora amam, ora usam, e preferia a clareza da sacanagem e a certeza do vazio. (Tati Bernardi)
Tente o novo de novo.
Talvez um dia, meu caro, seja possível olhar para trás sem qualquer tipo de remorso ou arrependimento. Vai chegar o dia em que todos entenderemos a magia da infância e nunca deixaremos que morra a criança dentro de nós. Algum dia as pessoas deixarão de se importar com o irrelevante e, quem sabe, amem sinceramente umas às outras. Quem sabe um dia elas se importem com as feridas que causam, com as palavras vagas que iludiram, com todo o estrago que vão deixando pelo caminho. Acredito sim que tudo pode melhorar. Acredito. E quando esse dia chegar, meu caro, retomarei a certeza de que cada ser é perfeito a sua maneira, de que chorar não diminui o abismo onde você se encontra e, é claro, a certeza de que a vida só tem sentindo... com esperança.
segunda-feira, agosto 15, 2011
Que se possa sonhar.
Você não vai encontrar caminho nenhum fora de você. E você sabe disso. O caminho é in, não out. - O Caio.
domingo, agosto 07, 2011
Pra fora.
- Você o amava.
- É.
- Porque?
- Não sei explicar. Acho que isso não se explica.
- E você deixou de amá-lo?
- Não tenho certeza.
- Ele fez alguma coisa que te machucou. Dá pra ver.
- Só o fato de o ter amado já doía. Fazer o quê?
- É. Fazer o quê?
- ...
- Mas vocês são tão parecidos, né?
- Não tenho certeza de que isso seja algo bom.
- E você o culpa por alguma coisa?
- Não tenho direito de culpar alguém. Só a mim mesma.
- Você fez alguma coisa que o machucou?
- É. Eu fiz.
- O quê?
- Fui boa demais pra ele.
- É.
- Porque?
- Não sei explicar. Acho que isso não se explica.
- E você deixou de amá-lo?
- Não tenho certeza.
- Ele fez alguma coisa que te machucou. Dá pra ver.
- Só o fato de o ter amado já doía. Fazer o quê?
- É. Fazer o quê?
- ...
- Mas vocês são tão parecidos, né?
- Não tenho certeza de que isso seja algo bom.
- E você o culpa por alguma coisa?
- Não tenho direito de culpar alguém. Só a mim mesma.
- Você fez alguma coisa que o machucou?
- É. Eu fiz.
- O quê?
- Fui boa demais pra ele.
sábado, agosto 06, 2011
Toda forma de amor.
Saiba, por favor, que eu nunca exigiria de você algo que pudesse ultrapassar suas vontades, seus limites. Não iria lhe impor coisa alguma, também odeio qualquer coisa que me é imposta. E digo, conscientemente, que nunca faria nada - nada - que algum dia, por alguma razão, viesse a machucá-lo. Juro, sem medo, que iria respeitá-lo, hoje ou em qualquer dia, sempre. Seria sincera. Seria amável. Confiável. E em ti confiaria também. Em suas mãos iria depositar meus segredos, meus medos, meus sentimentos, meu coração. Seria sua melhor amiga, sua melhor descoberta. Guardaria seus segredos, seus medos, seus sentimentos e seu coração. Ficaria ao seu lado. Estaria sempre disposta a escutá-lo, sem julgamentos. Saiba também, por favor, que você seria o único. Faria tudo quanto possível para vê-lo feliz. E sim, por fim, eu o amaria. E poderia ser exatamente o que você busca, menino. Mas eu pediria algo em troca. Eu pediria o seu amor. Eu preciso que me ame. Mas tem que ser algo real, verdadeiro. Não quero mentiras. Não aceitaria mentiras vindas de alguém com quem eu sempre serei sincera. Eu estive andando cá, só, e eu busco amor. Todos estão em busca de alguma coisa, eu busco a sensação de que alguém se importa porque, sabe, eu me importo. E todos deveriam se importar também. Eu busco a sensação de que alguém teme por meus sentimentos. Busco a sensação de que alguém tem medo de me perder pelo caminho. Eu busco amor. Sem julgamentos, sem exigências. Eu busco o seu tipo de amor. Isso é tudo.
quinta-feira, agosto 04, 2011
Não Jogue fora o que restou.
Aprender a desistir. Pessoas, sentimentos, lembranças. Deixar tudo para trás. Aprender a mentir. Aprender a enganar a si mesmo. Aprender a viver. Sobreviver. Perder a esperança. Esquecer sonhos. Fechar os olhos. Perder tudo o que há de bom dentro de nossos pobres corações. Perder nosso próprio coração. Perder o que há de puro - e mágico - em nós. Perder o amor. Intoxicar-se com a falta de sentimentos, excesso de ambição. Deixar-se morrer para começar a existir.
A vantagem de estar tão anestesiado é que fica impossível sentir. Dor, tristeza ou qualquer outro tipo de emoção. Mas, isso é mesmo vantagem? Nunca acreditei nessa filosofia de que só se pode viver depois que se aprende a morrer.
A vantagem de estar tão anestesiado é que fica impossível sentir. Dor, tristeza ou qualquer outro tipo de emoção. Mas, isso é mesmo vantagem? Nunca acreditei nessa filosofia de que só se pode viver depois que se aprende a morrer.
Embriague-se.
Nunca, jamais diga o que sente, por mais que doa, por mais que te faça feliz. Quando sentir algo muito forte, peça um drink. - Ah, o Caio.
Cicatrizes.
(...) Novamente pareço frívola. Mas não sou. Estou é com o coração partido. (Melancia - Marian Keyes)
terça-feira, agosto 02, 2011
O que tiver mais coração.
É um segredo. É assim que vou prosseguir. A partir desse momento não lamentarei ser quem sou, ter passado o que passei, ter chegado aqui, exatamente aqui, onde estou agora. Estou tão à flor da pele, tão insuportavelmente sensível, tão culpada, que já não sei se carrego aqui amor ou um ódio mortal. Sei, no fundo, que isso não passa de melancolia, de não-saber-mais-o-que-fazer. Ah, eu nunca soube o que fazer, também nunca estive tão perfeitamente dilacerada, tão perfeitamente só, percorrendo silenciosamente todos estes corredores estreitos - tão perigosos - dentro desse coração tão sombrio. Sombrio, porém verdadeiro. Extremamente, exageradamente verdadeiro. É assim que vou prosseguir. Só assim vou conseguir prosseguir. Sabendo que de tão fraca não consigo sentir ódio, de nenhuma espécie. Sabendo que de tão fraca cá estou, ainda e mais uma vez, tentando tirar de dentro de mim quantidade imensurável de sentimentos, pra ver se assim, quem sabe, eles possam coexistir pacificamente em mim, e eu possa finalmente, pacificamente, sentir. Sentir, normalmente. Sem excessos. Sem precisar morrer aos poucos só por sentir. Ah, o meu caminho? A partir desse momento sigo o que tiver mais coração.
"Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo.” Caio Fernando
wish me luck.
"Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo.” Caio Fernando
wish me luck.
segunda-feira, agosto 01, 2011
Sobre as folhas que caem.
Tão tarde! Mas é que de repente você se dá conta de que algo foi deixado para trás. Algo foi perdido. Algo ficou. Passou. E tão raras são as vezes em que deixamos algo realmente valioso sem sentir falta, sem sofrer. Aqueles pequenos pedaços de você que se soltam e ficam pela estrada. Ah, o outono! Pedacinhos que você foi obrigado a deixar, pedacinhos que lhe deixaram, alguns que você nem percebia quando soltavam-se e seguiam sozinhos rodopiando ao vento. Aqueles pequenos pedaços que, quando deixados, machucaram, abriram feridas em sua alma. Perder-se no caminho. Perdê-los. Ah, essa perda constante, das pessoas, dos sentimentos, dói intensamente. Fere. Mas é preciso continuar, na próxima estação outros pedaços entrarão na sua vida. Você os escolhe. Você os absorve. Algumas vezes uma ou outra cicatriz vai doer. Você vai se lembrar saudosamente de que o pedaço de você que ali costumava estar ficou pelo caminho, de que você sofreu por isso, e assim as coisas seguem. Algo sempre se perde pelo caminho e isso não o impede de sofrer quando, na próxima estação, outro pedaço de você for deixado para trás. É o outono!
Alguns a chamam de estação dourada. Eu prefiro lição de vida.
Alguns a chamam de estação dourada. Eu prefiro lição de vida.
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