Tão tarde! Mas é que de repente você se dá conta de que algo foi deixado para trás. Algo foi perdido. Algo ficou. Passou. E tão raras são as vezes em que deixamos algo realmente valioso sem sentir falta, sem sofrer. Aqueles pequenos pedaços de você que se soltam e ficam pela estrada. Ah, o outono! Pedacinhos que você foi obrigado a deixar, pedacinhos que lhe deixaram, alguns que você nem percebia quando soltavam-se e seguiam sozinhos rodopiando ao vento. Aqueles pequenos pedaços que, quando deixados, machucaram, abriram feridas em sua alma. Perder-se no caminho. Perdê-los. Ah, essa perda constante, das pessoas, dos sentimentos, dói intensamente. Fere. Mas é preciso continuar, na próxima estação outros pedaços entrarão na sua vida. Você os escolhe. Você os absorve. Algumas vezes uma ou outra cicatriz vai doer. Você vai se lembrar saudosamente de que o pedaço de você que ali costumava estar ficou pelo caminho, de que você sofreu por isso, e assim as coisas seguem. Algo sempre se perde pelo caminho e isso não o impede de sofrer quando, na próxima estação, outro pedaço de você for deixado para trás. É o outono!
Alguns a chamam de estação dourada. Eu prefiro lição de vida.
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