Incompleta. Completamente em pedaços. Naufragando. Afogando-me em uma dor tão intensa quanto distante, tão doída quanto alheia. Esse aperto, essa morte de sentimentos que me acomete não me pertence e, assim, entrego-me ao luxo de sofrer a mais pura forma de sofrimento existente: o sofrimento alheio. Dor essa que quando atinge aos sensíveis, dilacera, domina. Sofrimento que só aflige aqueles que se importam com alguém o bastante para afastar-se de seu conforto e tomar para si o desconforto - seja qual for - de outra pessoa.
Incompleta. Cheia de dores - minhas - que agora vejo serem dobradas e guardadas na gaveta d'alma "Deixe para depois". E deixo. E vou agora tentar dobrar as dores do próximo e, sempre que possível, levá-las comigo para qualquer lugar distante, até mesmo para dentro de mim.
A sua dor me dói muito mais intensamente do que aquelas que tenho carregado em mim toda a vida. A sua dor me pertence muito mais. Eu sempre soube como carregar aos montes esses sentimentos inversos, perversos que nos acometem. Sua dor é minha dor, você é parte de mim. Daria, de muito bom grado, qualquer coisa que me pertença para que você nunca tivesse de sofrer.
Ah! Como me dói a sua dor! Como posso enfrentar uma dor que não me pertence? Como amenizar aquilo que não me diz respeito?
Ah! Como eu queria que você soubesse que eu lhe tomaria todas as lágrimas se pudesse. E ainda assim estaria feliz. Por você, eu sempre estaria feliz.
"Um amigo me chamou pra cuidar da dor dele, guardei a minha no bolso, e fui."
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