quinta-feira, maio 30, 2013

Uma dor assim, pungente.

Eu nunca soube expor meus sentimentos. Abrir uma galeria e num punhado de pedras cinzas disformes, escrever: "Eis aqui o meu amor. Ou que ele é hoje, depois de alguém passar por aqui e incinerá-lo, desmontá-lo e depois abandoná-lo da janela do vigésimo terceiro andar". Amor não se conserta, não se repara, simplesmente não dá. Amor é o que é. Por isso mesmo não consigo sair por aí dando amostras do meu. Não só porque ele está todo torto, como porque é por demais doloroso se expor. Sair da sua casca, do seu abrigo. Sentimentos trazem fraqueza e força. O problema é que isso não depende só de você. Eu já me importei muito, com muitas pessoas, que hoje mal falam comigo. Eu não mais faço parte do conjunto de suas vidas. E isso dói. E continua a doer por muito tempo. E com o tempo você fica inseguro demais, e machucado demais, e vazio demais pra entregar amor pra alguém. Você fica egoísta porque é o seu amor e você quer tê-lo só pra você. Você quer cuidar daquilo que já foi por demais maltratado. E quanto mais maltratado foi o seu amor, mais maltratado você foi. Amor é o que é. E você é o amor que você dá. Essas pessoas machucadas, cheias de cicatrizes, com certeza são, apesar da dor e do temor, as que mais sabem amar.

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