quinta-feira, maio 30, 2013

Debaixo de um viaduto.

Ela te derrubou. Logo em seguida, te obrigou a ficar de pé. É bem assim mesmo, no "vamos ver". Toda vez que ela te passa uma rasteira você pensa: "merda, a vida é injusta". Alguns dias depois você nem se lembra, você segue em frente porque, sabe, esse é o nosso laço, a nossa sina. Seguir em frente. E sabe, eu concordo com você quando você pensa que a vida é injusta. Mas não porque ela te deu uma rasteira. A vida derruba todo mundo, meu caro, ela bagunça com a existência desde tempos remotos. A vida é injusta porque tem gente com fome, que não pode abrir a geladeira para procurar a refeição do meio dia, porque não teve refeição do meio dia, porque nem tem geladeira. E tem gente com sede, sabe, enquanto você se joga em uma piscina quando está calor. Tem gente com frio, frio e dor e esperança. E de tudo isso, eu acho que o mais dói é a esperança, meu caro, porque eles esperam um amanhã melhor. Um amanhã com comida, algo pra beber, cobertores, coberturas, um teto. A esperança é o que mais me dói. Mantém todos eles, eu sei, mas me dói. Porque, cá pra nós, meu caro, eles tem esperança e isso é lindo. Feio mesmo é o fato de que você pode ter tudo, mas não parou pra pensar neles uma vez sequer esse mês. Ou esse ano. Quiçá, essa vida. A vida é injusta mas você pode mudar um pouco essa história. Tem gente por aí que 'não tem nada', mas dá um banho de dignidade, ensina o que é viver. Tem gente que com tão pouco, tem tudo. E você aí, né? Levanta, meu caro, e mostra pra vida que ela pode ser injusta, mas a gente pode fazer direito.

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